Campinas lançou seu Plano de Segurança Viária (PSV) para a década de 2023 a 2032. Com uma visão integrada de segurança viária e metas e ações baseadas em dados e evidências, o plano prepara a cidade para atingir o objetivo ambicioso de reduzir as mortes no trânsito à metade em um horizonte de dez anos. E alinha Campinas às metas globais e nacionais por um trânsito mais seguro e acolhedor.

O PSV está baseado nas abordagens de Sistemas Seguros e Visão Zero, que partem do princípio de que os seres humanos cometem erros e são vulneráveis a lesões no trânsito, mas que nenhuma morte no trânsito é aceitável. Assim, o sistema de mobilidade deve ser planejado e gerido de modo a reduzir os riscos de sinistros, mortes e lesões, por meio de uma abordagem integrada, em que a responsabilidade é compartilhada entre quem planeja, constrói, regulamenta, fiscaliza e utiliza o espaço viário.

engarrafamento em campinas
Plano vai nortear políticas para reduzir em 50% as mortes no trânsito em Campinas (foto: Roosevelt Cássio/WRI Brasil)

A partir de agora, o plano vai nortear as políticas públicas para a mobilidade segura em Campinas, com o objetivo de reduzir em 50% as mortes e lesões graves no trânsito da cidade nos próximos dez anos. Isso significa atingir a taxa de 3,38 mortes por 100 mil habitantes, sendo 1,47 em vias urbanas e 1,91 em rodovias. A cidade estima que isso representaria cerca de 903 vidas salvas entre 2023 e 2032.

homem fala ao microfone diante de mesa com outras autoridades
Reynaldo Neto, do WRI Brasil, fala sobre apoio a Campinas durante lançamento do PSV (foto: Roosevelt Cássio/BIGRS)

WRI Brasil apoiou construção

O PSV contempla seis eixos: Gestão e Coordenação; Mobilidade e Vias Seguras; Fiscalização; Dados e Evidências; Comunicação e Educação; e Atendimento às Vítimas. Para cada eixo, o plano traz objetivos estratégicos e ações baseadas em evidências, e estabelece produtos, metas e indicadores para garantir a sua execução. 

grupo reunido conversa em ilha de refúgio em meio a carros
Equipes de mobilidade de cidades paulistas visitam intervenção de segurança viária em Campinas (foto: Roosevelt Cássio/WRI Brasil)

A construção do plano foi coordenada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e pela Secretaria Municipal de Transportes (Setransp). O WRI Brasil apoiou o processo, no âmbito da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (BIGRS), que ajuda cidades em todo o mundo a avançar na implementação de sistemas seguros de mobilidade, com o objetivo de salvar 600 mil vidas e prevenir 22 milhões de lesões no trânsito de países em desenvolvimento até 2025. A cidade também integra a Rede Ruas Completas SP e recentemente sediou o evento da rede e apresentou as ações e intervenções pela segurança viária que tem implementado nos últimos anos.

O plano passou por consulta pública em outubro de 2023, período em que a população pôde conhecer os objetivos estratégicos e ações propostas para cada eixo e contribuir com sugestões que foram consideradas na versão final. O processo de construção do PSV de Campinas mobilizou cerca de 160 pessoas em 15 encontros envolvendo colaboradores de áreas estratégicas da Emdec e da Setransp, além da participação da Secretaria de Saúde, entre outras autarquias municipais e estaduais. Nos encontros foram definidos a visão e os eixos contidos no PSV, além de mapeadas, discutidas e planejadas as ações estratégicas de cada área para reduzir óbitos e lesões no trânsito. 

Alinhamento às metas globais

placa em Campinas anuncia que foram 70 vidas perdidas no trânsito em 2023
WRI Brasil apoiou a cidade no âmbito da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (foto: Roosevelt Cássio/WRI Brasil)

O PSV de Campinas está alinhado ao Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans) e à Década de Ação para Segurança no Trânsito da Organização das Nações Unidas, que tem como meta prevenir ao menos 50% das mortes e lesões no trânsito até 2030. A abordagem de sistemas seguros foi adotada com ótimos resultados por outras cidades que participam ou participaram da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global, como Fortaleza, São Paulo e Buenos Aires.

Fortaleza foi a primeira cidade brasileira a atingir a meta de redução de 50% das mortes no trânsito no período da primeira Década da ONU. A capital argentina, por sua vez, reduziu em 30% as mortes no trânsito quatro anos após o lançamento de seu plano, que deve ser revisado em breve com apoio da BIGRS e do WRI Brasil. Em novembro de 2022, uma comitiva de Campinas foi a Buenos Aires para conhecer as estratégias da cidade, em visita técnica no âmbito da BIGRS.